Quando se é criança...
Quando se é criança, imaginamos a vida bem divertida, colorida, cheia de aventuras, onde tudo não passa de uma longa e alegre brincadeira. Uma inocência tão grande que chega a colocar o sorriso, a gargalhada no rosto do adulto atribulado, que se surpreende com a pérola dita pela boca de uma alma tão pequenina, indagando: como é?, só pra ter certeza do que ouviu.
A leveza, o semblante de paz, a energia que a criança transmite quando responde uma simples pergunta: o que você disse?, esse adulto colocando em cheque o desejo, castrando e limitando até o sonho, às vezes, não por maldade, mas para entender o que se passa naquela cabecinha.
Soa até engraçado, os pais quererem que o filho cresça, amadureça, e que quando este cresce, desejam que voltem a ser aqueles bebês indefesos, que podem ser levados para qualquer lugar sem se perguntar, apenas para se sentirem no controle sobre o outro, que coisa não??
Quando se é criança, não se quer saber o caminho, se inventa um. Quando foi que perdemos essa capacidade de criar, inventar, de seguir pelo desconhecido sem medo? Possivelmente quando crescemos. Crescer tem suas vantagens e desvantagens como tudo na vida. A gente perde, a gente ganha. Só que a criança que em nós habita segue conosco até o fim, dentro do peito, dando sinais que está ali, basta escutarmos.
Quando se é criança, se vive, esse é o ponto. Se vive o momento, o instante, o agora, sem pressa, sem agonia, com alegria, algumas lágrimas, é claro, mas se vive. Quando se é criança, se vive como se o amanhã fosse um pequeno detalhe do desejo sem esquecer o presente.
Quando se é criança, que saudade, ser criança!