Hora de poesia





Um sorriso aqui, à frente um rosto fechado,
ao meu lado caminhando
sem rumo, um homem silenciado
de olhar  aparente fixo no horizonte,
acrescentando à sua imagem,
a notável indiferença... ficava ali
parado.
Ao contrário do meu olhar inquieto,
sentado esperando o nada, um poeta 
escrevia,
todavia em sua constante tristeza,
acenava pedindo algo, e mais nada dizia,
era o mesmo homem silencioso,
que em nada a ninguém atraía,
o garçom
daquela cafeteria, achava
que o conhecia.
Somos sempre mais de um,
somos dezenas, centenas de pessoas,
às vezes não somos ' nenhum.
Era a minha vez de correr para o fim de tarde,
a vontade de crepúsculo 
fielmente chegava,
embora do meu amor distante vivesse,
imaginava-me com ele nos lugares,
e eu ia... sem que os conhecesse,
sem me importar se o céu estava bonito
ou causando apatia.
É que todas as cores da vida
reporta a minha alma para um
Infinito.
Não me chama a atenção
os seres e suas estranheza,
ininterrupto à minha rotina,
todas às dezessete horas quando vinha
um jeito de sol, era hora de correr,
hora de escrever poesia,
escrever as angústias do mundo e das almas
disfarçadas de amor, e de alegria
e absorver do mundo o seu instante,
a beleza de cada sol, ou a falta dele,
a alma de poeta não vai embora, da noite para o dia,
é uma alma que vive na seca, no deserto 
e se alimenta da nostalgia.


 
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 28/06/2020
Código do texto: T6990458
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