METADES DE MIM (reflexões)

Metade de mim é perfeita,

a outra, nem tanto assim:

parece até meio suspeita.

Metade de mim brilha e reluz.

A outra anda às cegas,

tateando em trevas, buscando a luz.

Metade de mim te acaricia, te deseja.

A outra metade se espuma,

morde, cospe e esbraveja.

Metade de mim oferece flores,

a outra se oculta em espinhos,

não sabe carinhos, nem morre de amores...

Metade de mim é anjo da poesia.

A outra metade não escreve e nem lê:

é um pobre diabo sem fantasia.

Metade de mim é aurora.

A outra é noite fechada,

escuridão se abrindo mundo afora.

Metade de mim é nobre e alta.

A outra metade, pobre,

um pedaço que não faz falta.

(José de Castro, Natal/RN)

José de Castro
Enviado por José de Castro em 18/10/2007
Código do texto: T699007
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