EMOÇÕES DÉBEIS

A vida fez da minha caminhada a dois

um passeio solitário.

Nesse melancólico ir e vir, a rotina, o constante ver,

o enebriante cheirar,

deixaram o chão morno e as emoções débeis.

A vida, com seu bafo paralisante,

esgarçou alicerces, enferrujou a paixão,

fez chorar a fé.

Triste cenário de gostos atrozes,

onde o querer-bem virou um requentar rouco,

um trêmulo e inquieto bocejar.

Essa vida, tão hábil no desmatar dos sonhos,

foi cerzindo dissabores mesclados a gostosuras,

foi embriagando gozos outrora ferozes,

foi coalhando alegrias outrora divinas,

outrora tantas.

Talvez o tempo descubra algum atalho

pra reverter essa areia movediça.

Talvez o tempo consiga sacudir o marasmo,

tirar o muito de pó acumulado,

alforriar esse desamor disseminado na gente.

Talvez o tempo se faça impotente pra mudar o placar,

talvez o tempo se diga calado pra limpar tantos encardidos,

talvez o tempo pegue sua pá pra enterrar tudo de vez.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 28/06/2020
Reeditado em 28/06/2020
Código do texto: T6989982
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