O SANGUE

Queria sangrar infinitamente; porquê nas minhas entranhas é tudo mais limpo, mais nítido e mais fácil também...

Assim eu passaria a outros bem mais facilmente o que eu não passo por boca, por vistas, por não acreditar...

Poderia até ser político; policial ou médico. Inventor bastava... poderia também apenas acreditar que sangro, que infindavelmente acreditam em mim...

Na pessoa das entranhas limpas; na pessoa que pela vista grita, que não tornou-se médico, pouco ainda policial ou político. Não obstante inventou...

Tencionaria tudo ao contrário; faria o mundo ao inverso, começava do Apocalipse à Gênesis e Deus seria ainda assim meu amigo.

Optei por tudo isso... na pessoa sem medicina, na boca sem política, a vista antes demagogia. Inacreditavelmente mantinha-me insano, perspectivo, alucinado e outrora esquecia no terminar do texto.

Como comecei a escrever; no namoro de esquina falei sempre o que devia... não morri engasgado. Agora reinvento totalizando a escrita, a escrita como velha amiga.

Subitamente viverei dias tortuosos não menos tortuosos que o próprio. Nisso peço a Deus mais companhia; bem longe de polícia, desejaria não mais sangrar como agora.

Tampava todo o sangramento de uma ferida; curei outros por mim, e outros fizeram que ninguém mais me curou. Fui subordinado ao fracasso de ser quem sou... o sangue.