PROXIMIDADE
quando tudo parecer sem gosto
e o sol das manhãs de verão não for insinuante
então está próximo
quando a brisa primaveril não cantar canções de amor em seus ouvidos
e o marulhar das ondas não for interpretado como um
sussurro apaixonado
então está próximo
quando as borboletas forem traduzidas como insetos agourentos
e os pirilampos não acenderem a paixão em seus olhos
mais próximo ainda estará
quando a poesia não fizer sentido em seu espírito
e a sua linguagem for enxuta e objetiva
ela já estará postada à frente de sua casa
quando não houver mais encanto num beijo e num abraço
e a música debandar
e a dança cessar
ela entrará e se sentará na sala
e ali ficará olhando friamente
gelidamente
a cera derretendo