poetas urubus

POETAS URUBUS (A minha tão grande poetiza Alayde Macedo)

gosto de coisas sem gosto...

desenchavidas, insossas,

é...

sim!! de coisas sem sal e sem açucar,

das coisas que ninguém gosta

me atraem

me enamoram

coisas que não prestam

não servem pra nada ..

eu gosto

coloco no trono

como poemas só meus

de coisas que ninguém gosta

fazem minha alma sorrir por dentro

e eu bato palmas

folhas secas, aos ventos que deliram em seu próprio silencio

hum!! me instigam

Ah!! os parafusos, ( esses que não tem mais serventia pra nada) coisas mais belas

as nuvens sem chuva, que não causam interesses aos covardes que algarismam os amanhãs com se elas lhes pertencessem

atrevidos vendilhões ignorantes de carteiras assinadas pela burrice

míope e torpe

a ti: - covardes!! covardes !! covardes !!

o meu nó na garganta

os amanhãs não estão à venda, aos teus colocadores de placas de vendas, o meu desprezo, meu não desperdicio do meu cuspe em tua cara lavada deslavada descomprometida com o pulsar poético.

tu com tuas caras sujas de nódoas promiscuas,

a ti; o meu nojo sincero

os passarinhos sem ninho, sem destino,

me ninam como velho menino sem sorrisos falsos

Ah!! os urubus

os urubus colorindo seus caminhos com seus malabarismos dançarinos

riscando os céus como se fossem seus!!

e como são atrevidos, atrevidos, filósofos

pois ignoram a ignorancia dos ingnorantes

e dizem "nãos" aos seus tronos nada poéticos

os urubus apenas vivem, sem pretensões - somente vivem ...

sem cartilhas vis, sem catecismos vulgares, sem pedagogias frias, sem mentiras, sem didáticas vadias, vaidosos, ocas e vazias,

sem metodologias falsas, sem telogoias interesseiras que só pregam o medo em detrimento de amar sem medos, sem segredos ....e por assim viverem - explodem o extraodinário: existem !!

Gosto de pétalas no chão, (aquelas podres, descoloridas, em decomposição, que os tolos julgam sem vida ) mas tem que ser muitas

pois tenho ganancias por elas, mas todas elas

tenho sede e fome por coisas que ninguém gosta

me atraem, me deixam em êxtase, me desnorteiam,

me assobiam olhares do meu eu- menino franzino...

gosto de cheiros sem pretensões

de cores sem utilização, inúteis, à margem

odeio coisas urtéis

gosto das flores marginais

dessas bem vagabundas que nascem à beira das das estradas

as "berdoegas" me fascinam

porque nascem por nascer e enfeitam por viver

sem saber para que vieram, desempenham poder sem oprimir

são ricas sem riquezas,

e da boniteza fazem os seus imperios

as texturas podres limosas, bolorentas com cores rudes

as nuances das ferrugens com matizes ocres - vinho

sem intenção de ser o que são

ocas e vazias me incomodam poeticamente

os estrumes alumiam o meu olhar

ah! os cheiros sem cheiros sem destinos, sem endereços

me arrepiam os dentes

me fazem chorar...

cores azedas me fazem cair de costas

imagens à margem

ao nada

sem destino

como menino a pensar no oco vazio do mundo

estradas sem nada, sem fim, sem metas, sem horas marcadas

as horas marcadas me dão tédios

os relógios me asssutam

carros sem destinos me alucinam

poemas sem nome me nomeiam

odeio rédeas

odeio cercas

corredores

odeio muros

gosto do ilimitado

do invisível, do impalpável, do imensurável

as ataduras me enchem o saco

gosto de asas ...todas !!!.

de ventos... de todos os ventos

sorrisos de ventanias

ventos sorridentes

as inutilidades das mentiras que se erguem

das juras, dos segredos, dos medos!!

me nutrem

me alimentam

ah! as coisas sem gosto

sem o gosto do gosto crivado do mau gosto aliendo,

fácil, preso, fútil,

que se esforça...me deprimem.

me alicerçam os ventos sem poros sem cores

as ventanias dos desnortes atemporais

me preenchem e me fazem explodir em milhões de sóis.

( RAIMUNDO CARVALHO)

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 25/06/2020
Reeditado em 16/05/2021
Código do texto: T6987264
Classificação de conteúdo: seguro
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