mil e uma noites
turva luz de carvão e ternura
fuga impossível,vão nos chama,
que nos ama, nos evoca e nos
provoca, chama que se chama chama,
ardor que no barco sopra,
que as pradarias esclarece
que nos esquece, mas nos aquece
no fundo de sua cor, pode ser muro
ou monturo, suas formas se encantam
ao beijo da noite, à sua perna
de veludo, ao seu decompor de casas
conhecidas, das escolas mal escoladas,
dos risos sem gosto, ou espetado de
agonia maralina, a noite de fora
nem se compara a noite de dentro,
sem ter nada, tem tudo, do assombro
ao gosto de pernas das mais belas
ninfas, tão estonteante como apavorante, como
um vapor abafado, se instala como
um estado, como um adjetivo do mundo,
a noite que nos traga e nos devolve,
paradoxalmente, menos triste, menos
medroso, mais vivo e mais amoroso,
noite de tantos anos, da infância
que consome, da adolescência que busca,
e do adulto, que já não canta, mas
também, noite dos amores, dos gozos,
dos seios nas mãos, da boca quente
e dolorida de tanto prazer, noite
dos rapazes e das moças, das jornadas
pela madrugada, das coisas engraçada,
do sorriso maroto, tão bonito quanto
o primeiro namoro, noite primeira
e derradeira, que nos ama,
de forma severa, como Hera, mas
como Afrodite, nos assanha, noite que
percorre tudo, dos pés no chão
ás corredeiras de estrelas,