Eles estão em suas últimas décadas de vida
E eu não saí da casca do ovo
Não aprendi a bater asas e voar
Apesar de voar todo santo dia em minha imaginação
Apesar de amar e preferir o lindo céu do que a suja terra
Todo ano é mais uma esperança de que ainda estarão por aqui
E eu, que estou sempre do lado deles
Como um objeto, um retrato
Um filho, que vive debaixo da saia
Da mangueira no quintal
Das nuvens de inocência, de pureza de criança
Daquela criança que eu fui, e que eu sou