Tempo²
Aquele sorriso angustiado não há,
Não há a separação que em outrora houve,
O fim que foi anunciado não há,
A perda do mim que em ti houve não há,
Não há lembranças de nós,
Nem dos fins que perdemos,
Há nós hoje, desatemos.
Não há tempo,
Nós nus de nós,
Tempo de ser, padecer
Perder o que em nós houve
Ao passo que nos achamos,
Nos achamos em intrínsecas linhas tênues
Que desafiam a gravidade.
Perdemos de nós a ausência
Quando o riso frouxo de teus olhos a mim chegaram
Antes mesmo que teus lábios rissem
E em mim se encontrasse o que de ti se havia perdido.
E nessas entrelinhas soltas de nós,
Tempo,
Tempo de recompor algumas dores.
Tempo de ter tempo,
De perder-se para que em nós nos achemos,
Ou percamos o tempo em que em nós estivemos.