DEVORADORES DE POMARES

Céu ainda escuro

Madrugada passa lenta

Dia demora um pouco a nascer

Bem-te-vi desconfiado

Desfila no muro

Olha pra um e outro lado

Talvez pensando ser mais tarde

Dispara a fazer alarde

De todo canto o passaredo

Aparece no quintal

Cantando satisfeitos

Enquanto devoram o pomar

Não há briga nem disputa

Ignoram o espantalho,

Atacam cada galho

E nenhuma fruta resta inteira

O pomar é dividido

Nas jabuticabeiras os sabiás

Maritacas espalhafatosas

Dividem os maracujás

Canários afinando o canto

Ciscam e espalham sementes

Que num quarto crescente

Novamente vão brotar

Rolinhas saltitam nas goiabeiras

Figueiras sob os bicos dos pardais

Ouve-se gritos estridentes

“Lá tem mais” “lá tem mais”

Olho acima dos coqueiros

São periquitos em revoada

Avisando os passarinhos

Que no quintal ali pertinho

Há outro pomar pra devorar

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 22/06/2020
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T6984444
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