DEVORANDO O POMAR

Madrugada alta

Céu ainda escuro

Dia prestes a nascer

Bem-te-vi no muro

Acorda bem cedo

Fazendo alarde

Anuncia o passaredo

Chegando ao quintal

Cantando satisfeitos

Devorando o pomar

É curiosa a disputa

Pássaros tão diferentes

Atitudes quase iguais

Ignoram o espantalho

E de galho em galho

O pomar é dividido

Nenhuma fruta resta inteira

Jabuticabas são dos sabiás

Maritacas em grande zoeira

Dividem os maracujás

Canários afinando o canto

Ciscam e espalham sementes

Que num quarto crescente

Novamente vão brotar

Rolinhas saltitam nas goiabeiras

Figueiras beliscadas por pardais

Ouve-se gritos estridentes

“Quero mais” “quero mais”

Olho acima dos coqueiros

Periquitos em revoada

Chamam os seus pares

Seguem aos quintais vizinhos

Devorar outros pomares

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 21/06/2020
Reeditado em 21/06/2020
Código do texto: T6983456
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