Eus
nas vielas tortas do meu peito aberto
entre meus pântanos e desertos
mergulhado num inevitável breu,
carrego a solitude de um "eu".
tornar-se "eu". atracar em novos portos
de olhos abertos, ouvidos dispostos
em busca dos meus porquês
minhas feridas expostas, minha nudez.
na dança entre permanente e passageiro
dentro do solo, na raiz
habita um estranho, um estrangeiro
um "eu", que se contradiz.
um "eu" de fibras, de nervos
de ossos e outros sonhos
tocado pelas cores que enfim vejo
como arpejos nas cordas do desejo.
um "eu" que não faz sentido algum
num jogo de luz e sombra sem fim.
depois do meu senso comum
há um "eu" que não eu; há eus para além de mim.