Retorno da sensibilidade
Faz muito tempo que não escrevo.
Na verdade, faz muito tempo que não faço nada de artístico. Meu sexo se tornou automático; enfia, tira, bota, geme, goza, acabou. Logo eu, tão sensível aos toques e arrepios que bradam a alma.
Pensei em morrer 400 vezes nos últimos dias.
Mas esse pensamento é completamente normal para quem não é daqui e pensa muito como eu.
Pintei as unhas de verde, hoje estou refletindo o sublime canto do vento. Estou radiante, mas por dentro.
Só eu vejo a necessidade de viver que tenho.
Me apaixonei: e que belo amor.
Meio morno como café tomado uma hora depois de feito, mas ainda assim é humano.
A vontade de me rasgar não vem só com as tatuagens e crises de angústia. Minha alma pulsa como a dilatação de uma grávida e o grelo macio recém masturbado.
Não sei como terminar esse parágrafo.
Como a vida, um texto só é terminado quando ele não significa nada.