Melancolia XCVIII

Sou a morte em teus lábios.

Tua língua expulsa meu coração

Faço morada a solidão dos meus versos.

Imploro, suplico,

peço liberdade quando já não sinto.

Revivo a alma

Me despeço do azul

A lua me lança olhares,

julga-me,

diz que que sou covarde.

Sou tudo

Me era luz em laços verdes

No sereno demonstra-me metálica.

Há de trazer neblina

Me acobertar as dores.

Sou íntimo do lobo

O coração do jardineiro se despede

do jardim.

Vou cair,

me derramar sobre o chão

Cantar para mim.

Respiro

Transpiro versos.

Peço-me silêncio.

Me cubro com meu lençol,

sinto o peso que faz em mim

Fecho meus olhos

Sinto-te partir.

Ytalo Scharf
Enviado por Ytalo Scharf em 19/06/2020
Código do texto: T6981480
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