Melancolia XCVIII
Sou a morte em teus lábios.
Tua língua expulsa meu coração
Faço morada a solidão dos meus versos.
Imploro, suplico,
peço liberdade quando já não sinto.
Revivo a alma
Me despeço do azul
A lua me lança olhares,
julga-me,
diz que que sou covarde.
Sou tudo
Me era luz em laços verdes
No sereno demonstra-me metálica.
Há de trazer neblina
Me acobertar as dores.
Sou íntimo do lobo
O coração do jardineiro se despede
do jardim.
Vou cair,
me derramar sobre o chão
Cantar para mim.
Respiro
Transpiro versos.
Peço-me silêncio.
Me cubro com meu lençol,
sinto o peso que faz em mim
Fecho meus olhos
Sinto-te partir.