Sobre esperas, solidão e aprendizados...

Se chora, chora baixinho

Debaixo do chuveiro.

Abraçada ao travesseiro.

Já não esperneia.

Já não pede palco.

Se precisa de afeto e cuidado

Já não espera e nem pede.

Se dá.

Já não aceita migalhas.

Se prepara para o banquete.

Que não está tão certa de que existe.

Ou de que virá.

Se a solidão faz visita

Já não requer alarde

A ela se abraça.

E agradece.

Pelo privilégio de estar consigo a sós.

Se a saudade bater.

Aceita apanhar.

Sente doer.

Já não faz esforço em não sentir.

Já não tem pressa em esquecer.

Se a alegria surpreende.

Já não esperava, mas agradecida fica.

Já não carece de motivos.

Serelepe dança pela casa.

Se perfuma e se permite.

Só sentindo e sobrevivendo.

Se alterando.

Se reestabelecendo.

Perfumada de espera.

Espera pelo dia que haverá de não mais esperar.

Ou pelo dia que haverá de ir.

E indo, certamente encontrará.