ANTIDIÁRIOS DE JUNHO XVI

Ressoa nos arredores da noite média um silêncio que ladra

do estanho brilhante do morro e desta umidade que escapa

depois de o dia ter escoado pelos buracos soltos da calçada

há muito desocupada. O sol veio à manhã e o que era prata

agora é um bege refletido nas casas na montanha habitada.

A luz vai e retorna entre as alternativas que o vento asfalta;

são onze e cinquenta e cinco e as fotos têm a instabilidade

da nuvem que cobre e descobre o raio amarelado da faixa.

Não decifro a nota que traz a brisa farta. É de uma baforada

de gerânio ou de sal das fumaças? O cheiro vindo da árvore

da esquina marca a vela que está acesa e a que está apagada.

O poeta soletra o meio-dia e não deita mais na encruzilhada.