VERSOS PARA ANA (a história de um amor)
BLOG DO POETA
Raymundo Cortizo Perez - porque a vida é feita de pequenas histórias.
VERSOS PARA ANA (a história de um amor)
Te amo tanto, tanto de amo que os meus versos
são um rio:
O rio é um barco navegando serenamente;
No barco, nós dois.
O poema é o sol brilhando sobre o rio,
brilhando sobre o barco,
brilhando sobre nós.
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Grito por teu nome,
estou em um barco,
o mar está sereno,
sereno o barco corta as águas,
O barco é este verso
e o poema que quero escrever-te
é o mar,
o mar é os teus olhos negros...
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Não me faltou o pão de cada dia,
nem os dias,
o sol brilhou...
Mas, faltou o teu sorriso,
faltou os teus olhos negros,
então me faltou tudo.
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Um peso o dia inteiro,
no descampado uma chuva fina e densa.
As palavras secam,
o poema não pede para nascer,
os versos murcham inertes.
A saudade é uma espécie de ruindade.
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Os teus olhos negros
são canções de amar,
são dois beija-flores
o teu belo olhar.
Olhos negros
que amo olhar, voar...
São flores,
tão profundos,
são poemas,
noites sem luares;
o teu olhar fulgura
brilhando o meu amor.
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Eu queria apenas ver as fotos em que Ana está linda.
nunca mais ver Ana como o destino quis,
nunca mais ver o sonho que os sonhos arrancaram de Ana.
A dor que a vida buscava dentro de Ana, nunca mais...
Não suporto as fotos em que Ana
desaparece sob as dores em que a dor a transformou.
Não suporto as fotos, as dores, a vida com os seus socos
impressos em Ana.
Nunca mais quero ver as marcas
que a vida deixou de trás dos cílios de Ana.
Nunca mais quero ver o que a dor fez para ver a si própria em Ana,
para não se ver em Ana.
Nunca mais quero ver a dor que a dor achou
sob os cabelos de Ana,
o corpo que a dor espancou na dor de Ana,
o monstro que paira na vida.
Nunca mais. Nunca mais. Nunca mais.
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No outono da vida,
numa primavera tardia,
suas palavras enraizadas chegaram a mim.
Palavras doces e ternas como o tempo.
Palavras nuas e fincadas,
belas como a palma da mão,
palavras brilhantes como o fulgor do sol.
Suas palavras vieram a mim, do seu coração
e da sua alma,
as suas palavra eram,
o que eras:
Mulher, mãe, a amada...
Eram esperança rutilantes
em meio de incertezas e dúvidas;
eram perspectivas, vida, luta coragem...
Suas palavras, sobretudo, eram humanas,
profundamente humanas,
eram da alma e do coração:
Do coração da alma.
Da alma do coração.
As suas palavras continuam vivas.
As suas palavras continuarão vivas.
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Devo enfeitar uma metáfora recriando uma flor?
Mara a síntese poética do sol brilhante?
Tenho compaixão das palavras:
O soluço poder limpar o desespero de uma lágrima?
Devo mata-lo meu pensamento e trancá-lo em um túmulo?
Que devo fazer com as palavras?
Entender a libido delas, saber quais as amantes das consoantes,
os cios das vogais?
Preciso ou não preciso de rasgar o papel,
colocar fogo nas óperas linguísticas de poemas, exterminado...
Quanto a minha parte, não o farei.
Que façam os outros.
Saber fazer, é melhor que saber falar:
A poesia é uma pintura escrita,
é a descrição da alma.
Não, o poeta não faz passar para a poesia aquilo que quer.
Não é questão de vontade, nem de boa vontade.
O poeta não é senhor de si próprio.
Fazer poema para ti, se tu és o poema, Ana?
Escrever para ti, ou descrever-te?
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Não me proíba, destino:
estou indo visitar uma mulher.
Conheço uma com o rosto belo,
sorriso inebriante,
seus olhos negros lindos fulguram
a minha vida,
o resto é nada:
Vou-me e fico. Fico em sua alma.
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É inútil esperar:
O papel que rasgamos não rasgam as palavras que nos rasgaram.
Não há sossego:
Há abismos nas palavras, não há mais retorno, não há retorno em nós.
Há um cansaço entre outros papéis manchados,
o que dizem,
dizem sozinhos o que não quero dizer.
É inútil esperar:
A saudade não te trás de volta,
mas te encontrará lá na frente.
A lei é assim, assim é a lei.
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