A Bahia de Gregório de Matos
O poeta descreve o que era
naquele tempo a cidade da Bahia
Gregório de Matos
(1623-1696)
A cada canto um grande conselheiro
que quer nos governar cabana e vinha;
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequente olheiro,
que a vida do vizinho e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados
trazidos sob os pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia,
estupendas usuras nos mercados,
todos os que não furtam muito pobres:
e eis aqui a cidade da Bahia.