O MAR E O VENTO
1
Para mim, o mar
é estar sentado nesta rocha
a indagar o horizonte.
É o limite do desespero
de ficar.
É envergar um manto de neblina
e introduzir-me, clandestino,
num navio que invento
prestes a zarpar.
Os meus olhos, desvairados,
impregnados de treva,
impelem-me a fugir
da noite sem luar
semeada de algemas e mordaças
e punhais de matar.
Porém o vento empurra-me, violento,
para me aprisionar dentro da noite,
enquanto a maré me incita a partir
e a regressar.
Chicotadas de espuma
são o furor do mar
que distribui a raiva
por toda a imensidade.
O mar…
O mar é a minha fronteira
da liberdade.
2
Para mim, o vento
é o sacudir daquelas árvores,
num arrepio de pássaros
em silvos de demência.
É o tiritar das folhas,
é o estremecer e esmagar
toda a vontade de partir.
É a força que açula as vagas e as impele
a fustigar falésias e areais.
É o poder de alavanca que me empurra,
o abraço que me dissolve em fumo,
me mergulha e afoga
no fundo desta noite sem luzernas.
Entanto, ira-se o mar temendo o vento,
inquieta-se o vento com medo da noite
e a noite arfa de silêncios
com medo do mar.
Deixo-me transportar
nas instruções do vento.
Busco outros ombros
e outras mãos nesta asfixia,
procuro muitos olhos, sem que os veja.
para salpicarmos de estrelas o negrume
e pendurarmos na noite a lua-cheia
até que o sol, enfim, traga a manhã.
Volto as costas ao mar.
1
Para mim, o mar
é estar sentado nesta rocha
a indagar o horizonte.
É o limite do desespero
de ficar.
É envergar um manto de neblina
e introduzir-me, clandestino,
num navio que invento
prestes a zarpar.
Os meus olhos, desvairados,
impregnados de treva,
impelem-me a fugir
da noite sem luar
semeada de algemas e mordaças
e punhais de matar.
Porém o vento empurra-me, violento,
para me aprisionar dentro da noite,
enquanto a maré me incita a partir
e a regressar.
Chicotadas de espuma
são o furor do mar
que distribui a raiva
por toda a imensidade.
O mar…
O mar é a minha fronteira
da liberdade.
2
Para mim, o vento
é o sacudir daquelas árvores,
num arrepio de pássaros
em silvos de demência.
É o tiritar das folhas,
é o estremecer e esmagar
toda a vontade de partir.
É a força que açula as vagas e as impele
a fustigar falésias e areais.
É o poder de alavanca que me empurra,
o abraço que me dissolve em fumo,
me mergulha e afoga
no fundo desta noite sem luzernas.
Entanto, ira-se o mar temendo o vento,
inquieta-se o vento com medo da noite
e a noite arfa de silêncios
com medo do mar.
Deixo-me transportar
nas instruções do vento.
Busco outros ombros
e outras mãos nesta asfixia,
procuro muitos olhos, sem que os veja.
para salpicarmos de estrelas o negrume
e pendurarmos na noite a lua-cheia
até que o sol, enfim, traga a manhã.
Volto as costas ao mar.