agora
O agora vem lento como fosse a luz no fio da madrugada.
Desabrochando flores e bichos branco e preto que voam sobre os que não voam.
É certo que o agora tem a cara de meu filho.
Miúdo de caber nos braços
Pesado de ser tanto ele.
Sopra meu ouvido, rodopia e vai embora.
Agora é ser sem medo.
Vem, dança comigo.
É ponteiro aos sem relógios
É vento que não se amarra as pontas.
No varal a blusa seca em seu agora.
No momento em que seca.
Tudo em seu agora tem sua valia.
Meu filho sorri. A fruta cai. A fome é pouca.
Meio dia é o agora do almoço. Como pra bênção o agora é seis da noite.
Agora é tempo se redimindo do que já foi. Perdão apressado de amanhã.