SUFOCO

Não estou preocupado com os desníveis da subida,

Nem com os pedregulhos que se espalham na terra.

A jornada é curta, porém o solo está meio íngreme

E essa tarefa me leva a conferir a beleza da paisagem.

Pela grama rasteira sob os pés, vou escalando a altura

Sem olhar para trás... Logo me vejo um tanto exaurido

E a respiração se torna meio suspensa, meio atávica...

Busco diminuir a marcha, mas o sol ordena: segue!

Tento encontrar apoio dentre cipós finos das beiradas,

Contudo eles se partem devido à força que alavanco.

Lentamente vou consumindo o tempo que me resta,

Pois no horizonte vejo as primeiras estrelas da noite.

Não obstante, a petulância de vencer tamanho desafio

Faz-me encorajar o corpo que dança já meio trôpego,

Entretanto portador de uma vontade incomensurável

De trazer para si mesmo a satisfação de uma vitória

Que certamente se agigantará dentro do processo vital.

De repente, uma chuva atrevida se interpõe no tempo

E me devora as últimas energias que guardo no deserto

Do meu íntimo... Escorrego já sem a abundância física...

No estertor de mim, uma vontade de me entregar ao léo,

Todavia vem à minha mente a responsabilidade do estar

Lutando diante da fortuna que ao vencedor será imposta

A fim de que no cardápio da existência haja menos fome!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 14/06/2020
Código do texto: T6977301
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.