CARA PÁLIDA

CARA PÁLIDA

A água e o vinho

Descem em harmonia

No silêncio do ocaso

Ao acaso um ronco de motor

Quebra a monotonia

Que durou todo o dia

Os olhos repousam em livros

Que parecem eles, vivos

Aventurando-se em venturas

Visto que a vida burra

Leva ao isolamento

A sombras sem luz

Feridas sem pus

Paz falta em excesso

E não somos excelsos

Morte em vida retrocesso

Tecnologia que a tudo resolve

Menos a estupidez o revólver

A ignorância faminta

A cor retinta

De enorme preconceito

E passos trôpegos do pedinte

Que todos acham acinte

O acidente do não vivente

Uma droga um carente de amor

Um transeunte da dor

Caminhando em vias de veias

Espetadas sem dó sem dor

O êxtase imperdoável

O ser execrável

A ida sem retorno

Ao inferno que é aqui

Ali, acolá, alhures

Augúrios não os há

Infortúnios a mancheias

No sol que nasce que morre

Sem qualquer remorso

Luzes e trevas parte de Deus

Que concede o livre arbítrio

A escolha de inúmeras estradas

Asfaltadas, esburacadas

A beira de abismos

Ou planícies regulares

A escolha é nossa o ser imbecil

Clamar por ele é vilania

A cabeça é nossa Ele nos deu

Pensar, planejar, praticar

A vida é nossa é tua

Cara pálida

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 13/06/2020
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