PÉTALAS DE MIM
Meu suor tem pele, tem osso, tem voz
escorrem nele tantos passos, brilhos e desenganos,
revoam nele cada fiapo do meu furacão.
Meu suor relampeja, declama, inflama,
chora de dor, reverbera um sorrir lindo,
dedilha cada chão do meu sonhar.
Meu suor acolhe minha raiva, meus senões
meu cangote de errante, de cantador
ecoa no útero os doces semblantes da minha fé.
Meu suor transpira névoas obscuras, bizarras,
embala solenemente cada desencanto parido,
traduz com maestria as asas abruptas do acarinhar.
Meu suor envelhece no apogeu dessa trilha,
acode minhas vestes puídas da saudade,
ressoa plenamente as pétalas do que fiz de mim.