DIVAGAÇÕES DE UM CONFINADO
O universo da casa
anda agitado
com as mortes,
com as vidas.
Já se percebe a tinta
colorindo flores
pelas paredes das estações,
mas os olhos
continuam confinados
a números frios e insensatos.
Resta o consolo
chamado fé
para filtrar as turvas águas
das loucuras humanas.
E se me permite a fala
quase crua: nascer
já é vestir uma máscara
- ainda que de carne;
e se é preciso outra
é porque o olhar se perdeu
na escuridão do corpo.
Sim, quando o universo
além da casa conspira
não há jeito:
lava-se a ferida com sal
para que tudo arda
e seja fogo e volte logo
à simplicidade perdida
e tão necessária.