DIVAGAÇÕES DE UM CONFINADO

O universo da casa

anda agitado

com as mortes,

com as vidas.

Já se percebe a tinta

colorindo flores

pelas paredes das estações,

mas os olhos

continuam confinados

a números frios e insensatos.

Resta o consolo

chamado fé

para filtrar as turvas águas

das loucuras humanas.

E se me permite a fala

quase crua: nascer

já é vestir uma máscara

- ainda que de carne;

e se é preciso outra

é porque o olhar se perdeu

na escuridão do corpo.

Sim, quando o universo

além da casa conspira

não há jeito:

lava-se a ferida com sal

para que tudo arda

e seja fogo e volte logo

à simplicidade perdida

e tão necessária.

Sivaldo Souza
Enviado por Sivaldo Souza em 12/06/2020
Código do texto: T6975716
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