P R E C I O S I D A D E S (216)

INVERNO NO SUL, A CAVALO

Eu transpassei a cortiça mil

vezes agredida pelos golpes austrais:

senti o cachaço do cavalo dormir

sob a pedra fria da noite do Sul,

tiritar na bússola do monte desfolhado,

acender na pálida face que começa:

eu conheço o final do galope na névoa,

o farrapo do pobre caminhante:

e para mim não há deus senão a areia escura,

o lombo interminável da pedra e a noite,

o insociável dia

com um advento

de roupa ruim, de alma exterminada.