O escondido

Transformar em rima a raiva, o ressentimento

Velar e revelar a ternura dura, indizível

Leve pena em movimento

Tecendo uma cortina branca e breve

Que encobre até as mais certeiras razões.

Um monumento de papel crepom e pregos

Feito de firulas e de egos, todos nus

Escondido sob o sopro morno

Dourado e calado

Que seduz.

O texto, Cristo sob as nuvens,

Cinza e revestido

Distante

Diante dos olhos descrentes

Insistentes,

Cobre o rosto ferido

e então reluz.