Contemplação - Wanda Cunha
Gosto do meu semblante assim,
Cheio de caminhos
Que engolem a viscosidade da pele,
Mostrando a seca
Na qual sobrevive um sorriso careado pela caatinga das horas.
Gosto do meu semblante assim,
Cheio de crateras, com marcas de arame farpado na testa.
Gosto dos meus olhos assim,
Cinzentos de nuvens de chuvas que já caíram
E que escorreram pela vidraça do olhar ou pelo ralo das narinas.
Gosto dos meus cabelos assim, ralos, poucos, mas coloridos de um luar que chegou atrasado, depois de tantas tintas e tonalizantes.
Enfim, gosto de mim assim, no espelho,
Espalhando uma face que chegou aqui, agora só pra me dizer que tudo passa,
Enquanto eu, em mim, vou me conhecendo e me trocando para novos convívios comigo e novas ausências de mim.
Gosto do meu semblante assim,
Cheio de caminhos
Que engolem a viscosidade da pele,
Mostrando a seca
Na qual sobrevive um sorriso careado pela caatinga das horas.
Gosto do meu semblante assim,
Cheio de crateras, com marcas de arame farpado na testa.
Gosto dos meus olhos assim,
Cinzentos de nuvens de chuvas que já caíram
E que escorreram pela vidraça do olhar ou pelo ralo das narinas.
Gosto dos meus cabelos assim, ralos, poucos, mas coloridos de um luar que chegou atrasado, depois de tantas tintas e tonalizantes.
Enfim, gosto de mim assim, no espelho,
Espalhando uma face que chegou aqui, agora só pra me dizer que tudo passa,
Enquanto eu, em mim, vou me conhecendo e me trocando para novos convívios comigo e novas ausências de mim.