Para uma pastora de cabras
Correm ventos a urdir
nos perfumes.
Do louro e da cidreira,
Do marmeleiro ao capim limão.
O boldo do Chile perfumoso.
Do cálamo e da canela.
Da mirra e do cravo.
E o insensar da lavanda silvestre
desses roxeados cimos.
O perfume das tardes
Nessa vinha de homens.
Entre sombras e incestos noturnos...
Lagar das uvas e do vinho
Falerno vinho, dos caxos de teu semblante!
Fogurante sarça a queimar
clarão no breu do oriente.
Embriaguez do amor,
no ócio da manhã.
Vem dos ossos da noite...
Da aurora e do crepúsculo...
Do balouçar das tamareiras
que fazem sombra aos beduínos!
Na muda linguagem dos silêncios...
Colho teu nome, em minha boca!
Incessante e sucessiva vida.
De inssaciada morte!
Desde a vida, o musgo do chão
sobre os ombros de teus cabelos molhados.
E no lago de tuas pupilas
onde as ninfas se banham
E cresce a rosa negra.
E o amor de seu poeta!
Celeste água-marinha
No banho quotidiano
Os mesmos olhos inaugurais de fascínio.
No seio duna de sal.
Em campo de ouro
Camponesa menina.
As cabras do pastoreio!
Mestre de cerimônia o poeta
em meio as roseiras...
No húmus de tua noite incestuosa!
Só o amor não se esconde...
Transpassa as redomas do peito.
E o sangue em plumas...
Voam num vermelho arrebol!
Fogem dos olhos e miram distante
As sombreadas planícies de teu corpo!
E glauco meu olhar
mudo e estático.
Ao lúrido dessa luz que abriga...
Em tuas formas desejadas...
Por mim esse pobre oblato.
que te profana a beleza moira
Sarracena!