O idioma da poesia
Fulgurou na boca...
A poesia ao crepitar das lanças.
A última labareda ecônoma das noites milenárias, das serras morenas de Unganda!
E consumo o cerúleo e o crepúsculo...
E a aurora em minha poesia!
Os pêssegos do outono em terrina de prata .
E o redondo seio do tênsil dia!
Apojam das terras grandes, os grandes lagos,
os países hyperbóreos.
Outras flores trescalam ao longe.
Aqui um mar, surgindo na fonte dos oceanos.
Ventos em surdina!
E os teus cabelos governando o vento
Canas e sicômoros.
Sonolentos anoitecendo em teus olhos!
Auroras da persia
A lima verde, a calêndula.
Entre os pendões de cana e a baunilha em flor.
Cantilena de avenas.
Musas ébrias do mosto...
Pelegrinas entre os laranjais com a lua sob os olhos.
A poesia que me iniciará...
No alfabeto da língua!
Que trabalha na boca os idiomas do amor.
E nominam seu nome nas vogais eólias.
Minha poesia o favo e o vinho
O trigo e a mulher idônea!
Musa flecha de veludo em meu peito.
Pelúcia das alvas na carícia das mãos.
Minha poesia lambda e languida...
Entendendo as flavias num pentecostes.
Dialetos puros da fonte e da flor
No paladar de açúcares
E das moiras cores do mascavo.
Há essa poesia...
Em tufos de cravinas em flor
Por onde a língua das rosas silvam o mel.
Há essa poesia rebuscada.
No azul dos miosótis cor do céu.
Francisco Cavalcante