Amuletos

Vá fosse um amuleto: de vida; de ser; e de luz...

Talvez eu tenha sido sozinho e blindado e alheio.

O rapto de mim mesmo, por íntimo transcender.

Arriscadas vias fecundas, mas mutáveis, mas vãs.

Vá fosse um devir: de luta; de flor; e de amor...

Sutilmente quer-se que em si imerso, imoto.

O tempo atravanca, libera, escolhe e separa.

Aferradas grades limitam o dentro do aflito interior.

Vá fosse um pesadelo: de fuga; de dor; e de ferir...

Só angustiado é que se espreita só, no portal do evo.

O passado é uma constatação de álacres rancores.

Horizontes infinitam fórceps, o fora do vívido interior.

Vá fosse um degredo: de alma; de si; e de pudor...

Ébero imanente de profundas e profanas dores.

O futuro é uma decisão emersa em peito inerme.

Quiçá minha própria lacuna: interminável questão!

Cesar de Paula
Enviado por Cesar de Paula em 07/06/2020
Reeditado em 20/07/2020
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