Impulsos, válvulas
Que falta é essa que te rasga o peito?
Está certa de que é saudade de outrem?
Ou é só falta de si?
Que vazio é esse que urge?
Senta com ele.
Te atenta ao que ele diz.
Que urgência é essa de afeto?
Amor em falta ou é só privação?
Sustenta tuas ausências.
Sente sem pressa.
Aguenta o rojão.
De que vale um amor que não te nutre?
Que só te consome?
Te rouba de si?
Te leva pra tomar um café.
Um vinho que seja.
Vai ver o sol se pôr.
E declama teu poema preferido.
Sente a brisa te acariciar o rosto.
Brinca na areia feito criança.
Pisa na terra, sinta teus pés.
E se reconecta.
E se reencontra.
Liga pra mainha.
Pede colo.
Colo de mãe é alquimia. Tu sabes.
Retoma a terapia.
Marque encontros consigo mesma.
E visite lugares novos dentro de si.
Olha pra tuas sombras.
Sem medo. Nada teu é tão inóspito assim.
Olha com amor.
Tu bem sabes, existe oportunidade.
Nem tudo é dor.
Transcende.
Te ocupa de si.
Das suas questões.
Se veste da tua melhor roupa.
Sê melhor pra si.
Sê melhor por si.
Vai fundo nessa travessia.
Pisa com firmeza.
Teu solo ainda é fértil.
Tu é fértil.
Te eleva.
Eleva o teu sentir.
E te libera.
Deixa os pesos pelo caminho.
Leve se vai mais longe.
Leve se alça vôo.
Tu é passáro.
Teu espiríto é livre.
Te alinha com ele.
E voa, passarinha!
Voa alto!
Voa longe!