As Luzes no Escuro

À VOZ DUM POVO

Quisera eu Ópio ter nascido, um triângulo escombro

Para nos asfaltos do silêncio ausente ser ouvido

Com voz de abutres que imolam membros

Pois viver nesse caos é já uma tal libido

Senil, a eutanásia de que me lembro;

Ejacular coito atrevido no rosto de uma criança

Dar-lhe vidas às sobras de um novo desgosto

Fazer um nó no umbigo duma esperança

Assim que seu futuro for então posto

À sorte das abelhas, é ganância;

Mas quando calculares o fluir da melodia dos dias

Os ruídos de pássaros nessa terra-Ngola

Num discurso apocalíptico que crias

Ó Céus, tira-nos o que nos assola

Devolve-nos nossas euforias!

Poeta Ximbulikha, 15/05/2020

Salvador de Jesus Ximbulikha
Enviado por Salvador de Jesus Ximbulikha em 04/06/2020
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