DEZ ILUSÕES (Série Poema No Poema) ROBERTA LESSA
Despeço-me com o devido silêncio.
Deixou uma marca em mim esse seu possessivo amor, roubou-me a graça do sorriso desmedido e liberto aos que dele necessitassem, não mais a graça, a delícia ou a vontade de com você estar.
Silêncio que nasce da decepção.
Despeço-me com o desdido perigo.
Deixou uma sombra em mim esse seu agressivo amor, tolheu-me a malícia do caminhar seguro e liberto aos caminhantes que ele procurassem, não mais o caminhar, o passo ou a necessidade de com você compartilhar.
Perigo que floresce na desilusão.
Despeço-me com o merecido recolhimento.
Deixou - me uma mancha em mim esse seu paliativo amor, coibiu-me a fala do desejar maduro e liberto de fomes que surgissem, não mais o saciar, o sorver ou a bondade de com você dialogar.
Recolhimento que aquece na separação.
Despeço-me com o esquecido envelhecimento.
Deixou uma distância em mim esse seu falacioso amor, sucumbiu-me a magia do reinventar prazeres e liberto de paixões que emergissem, não mais o sonhar o esperar ou a necessidade de com você compartilhar.
Envelhecimento que merece na condição.
Despeço-me com o humano compadecimento.
Deixou uma morbidez em mim e esse seu contagioso amor, destruiu-me a harmonia do reestruturar dizeres e conexões que inventastes, não mais o caminhar, o conectar ou a desigualdade de com você conjurar.
Compadecimento que entontece na emoção.