A Viagem

Ao ler o soneto OS VERSOS DO ADEUS, de minha mãe, transcrita abaixo, no final deste, as lágrimas minaram em minha face, trazendo estes versos:

O tempo existe, feliz ou infelizmente!

Na consciência não. Só na nossa mente.

A vida é como uma viagem de trem

Que não lembramos o início e também

Não queremos lembrar que terá um final.

Talvez pelo trauma da dor inicial.

O nosso espírito livre do corpo

Está vivo. Não está morto.

E quando o recebe já inicia

A morte pouco a pouco a cada dia.

Mãe, alivie seu lindo coração.

Esta parada é apenas uma estação.

Quantas outras lindas estão por vir.

Muitas paisagens a fará sorrir!

Lindos pastos verdejantes,

Mais lindos dos que já viu antes.

O Sol brilhante, seu calor vida,

Que receberá sem ter saída.

Deus lhe permitiu enxergar,

E a sua criação apreciar.

Deu-lhe a boa memória,

Pra nos contar a sua história.

Deu-lhe este sorriso em alegria,

O grande talento da poesia...

Permitiu que formasse trilhos,

Trazendo a esta viagem bons filhos!

Aproveite esta paradinha,

Tome uma aguinha,

Compre um lanche

E reassuma o seu manche!

Entre novamente nesta locomotiva,

Recebeu muita energia, és ativa!

Não lhe foi destinado o lugar comum,

Não podes sentar com qualquer um!

Tens o dom da liderança,

O carisma de uma criança,

Os dons de um artista,

Tens é que ser a Maquinista!

Vamos mulher que respeito,

Que a guardo aqui em meu peito!

E sabes que sempre vou amá-la.

Corra, segure a sua mala!

Não esqueça da sua bagagem,

Nem precisas de passagem!

Veja atrás de você quantos vagões

e dentro deles quantos corações!

Desistir, fraquejar eu não condordo!

Cadê o seu serviço de bordo?

Vamos, sirva-lhes na sua viagem,

Passageiro? Tem a sua bobagem.

Não ligue pra ela, seja profissional,

Lembre-se do Amor Universal!

Faça muito bem a sua parte!

Pra isso Deus Pai lhe deu a arte!

Ensine, oriente com a permissão!

Não esqueça nunca de sua missão!

Mostrar o caminho, amar, dirigir!

Tenha Fé para conseguir!

A viagem é longa e sentes o cansaço.

A máquina sente, mas a Alma é de aço!

Diminua um pouco a velocidade,

Sem perder a sua felicidade!

Viaja um quilômetro por vez.

Sempre com muita sensatez!

Nunca verá o final do trilho!

Verá sempre a beleza de seu brilho!

Deus mostrará sempre o caminho,

No túnel? Passe bem devagarinho.

Na noite? Não precisas dirigir,

Os trilhos levam onde tem que ir!

Portanto, maquinista querida,

Viva bem sua agraciada vida!

Sabes o quanto ela é incrível!

E quando estiver pouco o combustível,

Sabe que este passageiro fiel,

Seja na terra ou no céu!

Sempre estará te abastecendo!

E a Deus por ti, agradecendo!

Te amo e te admiro!

Seu filho Saulo

*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*

OS VERSOS DO ADEUS

De repente, parada no espaço,

Olho ao meu redor confusa, aturdida:

Não sei o que penso ou o que faço,

Para ter de novo paz em minha vida...

Algo se perdeu, talvez, com a saúde

Num mal sutil que aos olhos não se vê.

Não canto, não sorrio e a miúde

Ponho-me a chorar sem ter por que...

Acredito que o tempo às avessas

Inexoravelmente e sem pressa

Veio, enfim, contar os dias meus.

E passo a correr contra esse tempo,

Para fazê-lo passar muito mais lento

Enquanto escrevo os versos do adeus...

Rachel dos Santos Dias

Publicado no Recanto das Letras em 08/10/2007

Código do texto: T685853

*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*¨*

Meu filho fez a sua parte aqui:

Mania de Quem Ama a Vida

Campinas, 16 de outubro de 2007

À minha avó querida,

...

Ao ler os Versos do Adeus

Vi algo de triste,

Mas compreendo bem

Porque nele auriste.

É leve a explicação:

O vácuo do espaço

É que fez com que

Hauriste a razão.

Quando a Vida é bela,

Surge uma velha mania

De contar o resto dEla

A cada novo dia.

E não é que essa velha mania

um dia se transforma

em mania de velha?

Enquanto esta carta relia,

Notei que também tenho a tal mania.

Não é exclusividade da velha,

Que os filhos e netos - com orgulho - a vida espelha.

Lipe Lalli

Publicado no Recanto das Letras em 17/10/2007

Código do texto: T697474

+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*

Um sensível e poeta amigo Antonio de Oliveira ao ler nossos poemas escreveu-nos assim:

GUERRA DE POESIAS

Modesta homenagem à uma família maravilhosa que escreve neste site

Rachel dos Santos Dias (mãe e avó)

Saulo Lalli (filho) Lipe Lalli (neto

É muito bonito ver

Uma família unida.

Aqui no “Recanto” existe

Uma família querida,

Que com guerra de poesias

Alegram as nossas vidas

Saulo, filho de Rachel.

Com maestria e rigor,

Escreve lindas poesias

Enaltecendo o amor.

É mãe e filho unidos

Dissipando toda a dor.

Agora surge Felipe

Na terceira geração

Herdando do pai e da avó

Esta sublime missão

De extravasar em poesias

Toda a sua emoção.

Assim é que eles vivem

Trocando carinhos e afetos

Filho, neto, mãe e avó

Avó, filho, mãe e neto.

Transmitindo a todos nós

Provas de amor concreto.

Antônio Oliveira (Paraibuna SP)

Antônio Oliveira

Publicado no Recanto das Letras em 28/10/2007

Código do texto: T713700