Injustiça colonizada.

Nesse Brazil "irrevoltoso",

Quando emana com honra e justiça

O poder popular?

Tem que ser importado?

Ou levantar virtual repercussão?

O genocídio preto/pobre secular,

Agora representado em um único ser,

Um símbolo da história.

Aquele que atravessou os continentes

Para representar a todos.

A injustiça colonizada.

E como lutam aqui?

E os outros daqui?

Aqui morrem tantos,

Histórias surreais e tanto quanto banais.

Muitos lutam a justa luta.

O problema são as armas.

Uma bela moldura de pensamento

Que não se sustenta na própria atitude,

Mais cedo ou tarde a pintura se desnuda.

Eu queria acreditar

Que algo que insurge no conforto do lar

Com comida e cobertor

Poderia realmente ser pólvora

De uma explosão necessária.

Mas penso muito que aquilo tudo

Que parece consciência política

É uma rasa correnteza crítica

Que não se sabe onde vai dar.

Semana que vem tem outra injustiça,

Com mais uma foto representativa.

Vão chorar e discursar,

Tensão vai tomar conta do ar,

Depois a brisa passa.

A raiva beija a ameaça

E tudo, como antes, volta a não ficar bem.

E aos injustiçados, apequenados,

Quase invisíveis e seus compreensíveis:

Desejo muita sorte,

Apenas sendo sensíveis.

E digo com firmeza

Não é pessimismo ou frieza

São centenas de anos contados

Muito pouco na história mudado

E a massa usando como simbologia

Para alimentar seu senso de pureza