SEMPRE?
SEMPRE?
A vida é bela
Bela e perecível
Sempre surpreendendo
Em novas formas
Renascendo a cada despertar
Não somos vacinados
Para evitar contágios
Somos contagiantes
O jornal da manhã
O telejornal das 8
Querem que desagreguemos
Mas somos gregários
Apodrecendo de estupidez
Não há palavras certas
Para momentos de desamparo
Ouço disparos e mais disparos virais
Outros reais
Estamos espremendo o mundo
E a nave parte para o universo
Com passageiros em trajes impermeáveis
Logo a Terra não prestará
O voo o espaço o destino
Vão nos salvar do desatino?
Onde andará a razão?
Perdemos a essência?
Talvez nas superficialidades
Nos caminhos da estrada
Nas liberdades almejadas
Nas pedras agudas
Ou nas arredondadas
Pelo bater de águas revoltas
De ondas espumantes
Ou espumando de raivas guardadas
Oprimidas em silêncio
E súbito explodindo
Em tsunami incontrolável
A fome de comida
A fome de justiça
A fome de igualdade
Da turba indignada e ignara
Horda de ambiciosos insatisfeitos
Ou egoístas contumazes
Que se torna fatalidade
Espalhando o caos
Perecendo para renascer
Diferente até a outra vez
De eterno recomeço sem fim
Seja lá onde for