SEMPRE?

SEMPRE?

A vida é bela

Bela e perecível

Sempre surpreendendo

Em novas formas

Renascendo a cada despertar

Não somos vacinados

Para evitar contágios

Somos contagiantes

O jornal da manhã

O telejornal das 8

Querem que desagreguemos

Mas somos gregários

Apodrecendo de estupidez

Não há palavras certas

Para momentos de desamparo

Ouço disparos e mais disparos virais

Outros reais

Estamos espremendo o mundo

E a nave parte para o universo

Com passageiros em trajes impermeáveis

Logo a Terra não prestará

O voo o espaço o destino

Vão nos salvar do desatino?

Onde andará a razão?

Perdemos a essência?

Talvez nas superficialidades

Nos caminhos da estrada

Nas liberdades almejadas

Nas pedras agudas

Ou nas arredondadas

Pelo bater de águas revoltas

De ondas espumantes

Ou espumando de raivas guardadas

Oprimidas em silêncio

E súbito explodindo

Em tsunami incontrolável

A fome de comida

A fome de justiça

A fome de igualdade

Da turba indignada e ignara

Horda de ambiciosos insatisfeitos

Ou egoístas contumazes

Que se torna fatalidade

Espalhando o caos

Perecendo para renascer

Diferente até a outra vez

De eterno recomeço sem fim

Seja lá onde for

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 02/06/2020
Reeditado em 02/06/2020
Código do texto: T6965207
Classificação de conteúdo: seguro