Maquete
Então Deus parou com tudo que existia
E viu que era tempo de uma nova fantasia
-Meu Deus, onde foi que eu errei?
-Mas ele não era Deus?
-Questionar afastava suspeitas de macromania
Engendrar uma nova maquete, que ironia
Reformular a natureza que era perfeição
Inverter a Lei da Gravidade?
Os mares correriam para as fontes?
Observaríamos o passado sentados no horizonte?
-Será que criei homens, que criaram cruzes...
Mais pesadas que o remorso?
-Na multiplicação dos pães e peixes...
Deveria, Eu, ter feito a divisão?
-Posso ter distribuídos arcas
Insuficientes para a gula da ambição
-Nessa maquete,
Os homens serão projetados à minha imagem?
-Como o livre arbítrio violou o roteiro original
-O homem não deveria ter etiqueta
O homem não deveria ser venal
Fim do primeiro ato...intervalo
-Homens, olhem para a maquete
Ao Criador não coube a megalomania
-E para que a peça não se interrompa
Para que não se pare, de vez, com o anunciado
Que se ajustem, de vez à criação original...
Os homens, que para ela foram criados