INTERESSE
Me interessa o que me enleva,
Eu quero ver crescer a relva
E o florescer que há nos campos.
Não me ocupam as criaturas
Tristes, sem cor, que só pululam
nas profundezas dos seus pântanos.
Quero o perfume, a paz, a terra,
Que é sempre fértil, e sempre expande,
Eu me interesso pelas aves,
Por tudo aquilo que é cantante.
Meu tempo vale a minha vida,
E eu a quero verdejante,
Eu não dedico a minha lida
Ao que não seja edificante,
Pois quem dedica o próprio tempo
À pequenice dos instantes,
Dedica, assim, a vida inteira
Ao bolorento, ao inquietante,
Sem ter nem eira e nem beira.