INTERESSE


Me interessa o que me enleva,
Eu quero ver crescer a relva
E o florescer que há nos campos. 
Não me ocupam as criaturas
Tristes, sem cor, que só pululam
nas profundezas dos seus pântanos.

Quero o perfume, a paz, a terra,
Que é sempre fértil, e sempre expande,
Eu me interesso pelas aves,
Por tudo aquilo que é cantante.

Meu tempo vale a minha vida,
E eu a quero verdejante,
Eu não dedico a minha lida
Ao que não seja edificante,

Pois quem dedica o próprio tempo
À pequenice dos instantes,
Dedica, assim, a vida inteira
Ao bolorento, ao inquietante,
Sem ter nem eira e nem beira.
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 01/06/2020
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