Deusa Necessidade das revoluções
Anos mais vastos que décadas inteiras,
Em suas estações manchadas de sangue
Balançam, no alto de seus dias, uma bandeira em chamas.
Os fios que a constituem se desfazem
E se contraem
Em uma luta implacável contra a grande mão que a tece.
A grande mão que queima.
Anos mais vastos que décadas inteiras,
Trazem (consigo) a dor - oprimida;
A rebeldia da alma humana - suprimida;
As quatro paredes - comprimidas;
E a alma viva, de um coração morto.
Anos mais vastos que décadas inteiras,
Sintetizam em seus olhos o tempo,
Luz de fim de vida.
As marcas de uma história com começo,
Sangue que cura ferida.
Olhar tônico, sem fronteiras.
Anos mais vastos que décadas inteiras,
Resplandecem o grito do ser mudo
À mão de um fio preto. Imbatível.
Agulha derretida em chão de cimento
Um passado, agora, inexequível.
O fio, sozinho, tece tudo.
Vastos
anos
tecidos
no fio
d'um
mundo
efêmero