Deusa Necessidade das revoluções

Anos mais vastos que décadas inteiras,

Em suas estações manchadas de sangue

Balançam, no alto de seus dias, uma bandeira em chamas.

Os fios que a constituem se desfazem

E se contraem

Em uma luta implacável contra a grande mão que a tece.

A grande mão que queima.

Anos mais vastos que décadas inteiras,

Trazem (consigo) a dor - oprimida;

A rebeldia da alma humana - suprimida;

As quatro paredes - comprimidas;

E a alma viva, de um coração morto.

Anos mais vastos que décadas inteiras,

Sintetizam em seus olhos o tempo,

Luz de fim de vida.

As marcas de uma história com começo,

Sangue que cura ferida.

Olhar tônico, sem fronteiras.

Anos mais vastos que décadas inteiras,

Resplandecem o grito do ser mudo

À mão de um fio preto. Imbatível.

Agulha derretida em chão de cimento

Um passado, agora, inexequível.

O fio, sozinho, tece tudo.

Vastos

anos

tecidos

no fio

d'um

mundo

efêmero

Petito
Enviado por Petito em 31/05/2020
Código do texto: T6963678
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