VENHA LER O MEU POEMA
Quero tanto te falar
Que te amo
Ou te odeio
O telegrama não chegou
E o carteiro não veio
O telex aposentou
Deletaram meu e-mail
O mar não levou a garrafinha,
Tentei o pombo-correio
Serenata em tua janela
Mas me bateu um receio
Colei cartazes nos muros
Esgoelei no megafone
Até apelei pra sorte
Gritei bem alto teu nome
Fui ao Itamarati
Fiz até greve de fome
Galguei o monte Parnaso
Compus versos concretistas
Botei letra pós-moderna
Na boca de um artista
A editora não divulgou
Nem o jornal, a revista
Vou esgotar a última chance
Até saber que eu exista
Penso em fazer um ebó
Ou rezar uma novena
Apelar pra outras formas
Não sei se vale a pena
E mesmo aqui trancado
Nesta triste quarentena
Espero que pela web
Venha ler o meu poema.
Seu apelo foi concedido
Li tudo letra por letra
Nós somos xará no nome
Também xará de caneta
Escrevemos noite e dia
Pra que nossa poesia
Ilumine esse planeta - JOEL MARINHO