Entrincheirado

Coativo se preserva alheio e tacanho

Obrigação abstrata por faminto abster

Entre mós de imenso castigo espreita

Rouco gritoso desbordado e atroz

Persevera de letífero decidir suicídio

No noturno dia eclodia a face do caos

Mordaz ingenerosa a noite transia

Jazia estulto enregelando lágrimas

Gruta profunda brumada e própria

Oco vazio despupilada alma relutante

Era mau era manso o coração macerado

Curvado corcundo pelo peso ambíguo

Das possibilidades assaz definhadas

Pecado de nascer - eiva - pecado de morrer

Mágoa balda hirta lívida de vontades

O poema de agora será incerto e tórrido

Brumas revocadas em febril presente

Acocorar-me-ei nos tendões do tempo

Alumiando sorriso abismático mas vivo

Compartindo versos nos ecrãs da vida

Cesar de Paula
Enviado por Cesar de Paula em 30/05/2020
Reeditado em 24/06/2020
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