Gesto Involuntário

Não é por opção,

Que sobre a folha minha mão…

Faz esse vão itinerário.

Tal o fluxo da minha respiração,

E o ritmo das batidas do coração…

Meus versos são involuntários.

Queria menos ou nenhuma verdade,

Escrever por pura vaidade…

Ou pra passar o tempo.

Queria menos ou nenhuma alma,

Escrever por elogio e palma…

Por exemplo.

Podia ser pra conquistar mulher,

Ganhar um qualquer…

Pra lançar a porra de um livro.

Pra mostrar o quanto sou culto e hábil.

Mas o que sai agora dos meus lábios…

É o sentido de eu estar vivo.

Aí, nenhuma Musa como tema

Eu negaria poemas…

Como quem nega pão.

Mesmo tendo de sobra.

Aí, sem nenhum problema,

Eu negaria poemas…

Como quem nega mão.

Sem parte na minha inútil obra..