Rito
Me retirei de cena
Para não despejar em você
Os vazios de mim
Pensei em me desculpar
Não poderia fazê-lo
Pois, minhas sombras são partes daquilo que sou
Não posso negá-las
Me retirei de cena
Para te admirar de longe
E viver o que sinto no anonimato
Sentimento não prescreve
Mas, não resiste a indiferença
Me retraio
Por amor
Não a você
A mim
Porque te amar me fere
Fere minha existência
E o único antídoto para um trágico-amor
É portanto, o autoamor
Me retiro
Otimizo minha energia
E de quebra, te poupo a fadiga
De ter que se esforçar
Pra lançar sua curtida
Me ausento
Desisto de bater a porta
Que trancada está
Ou que sempre esteve
E eu desatenta
Não me atinei
Tempo de vida é precioso
Bobiça seria consumi-lo
Com a cara em tua porta
Trancada. Vale lembrar!
Me despeço
Solitariamente
Faço meu rito de despedida
Com o coração enlutado
Certa do aparato
E dos mecanismos necessários
Que demandarei, para então seguir.
Repito,
como disse outrora:
Fé e luz
Para que nossos coraçõezinhos
Tão calejados,
Por ora cansados
Aguentem o rojão
Te libero,
me liberto.
Voa!
Eu voarei!