Versos da madrugada

O bar está vazio,

dentro de mim

mas ainda me restam

alguns goles

antes do fim,

antes que a porta

seja fechada..

Olho para o lado de fora

e penso na chuva

à espera

para me molhar,

e pra me arrastar pra qualquer sarjeta

que ainda não esteja ocupada.

Penso nas tão distantes ruas de Olinda,

com seus paralelepípedos lustrados

por passos tão desencaminhados

quanto os meus...

Eu só queria me perder

no meio daquelas sombras

e ruas estreitas...

Queria beber até o último gole de cerveja

que me coubesse no estômago

e talvez

só talvez

cair nos braços

de alguma interessada

em me fazer companhia

Engraçado.

O bar segue vazio

já há tanto tempo,

mas eu deixo sempre uma cadeira separada

e um copo

ao lado do meu.

Talvez eu espere

por alguém,

inevitável,

como a chuva que me aguarda,

no caminho de volta.

Talvez seja por puro azar

que a cadeira permaneça vazia

Enfim,

azar no jogo,

azar no amor.

o que me resta

é poesia.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 29/05/2020
Código do texto: T6961625
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