Versos da madrugada
O bar está vazio,
dentro de mim
mas ainda me restam
alguns goles
antes do fim,
antes que a porta
seja fechada..
Olho para o lado de fora
e penso na chuva
à espera
para me molhar,
e pra me arrastar pra qualquer sarjeta
que ainda não esteja ocupada.
Penso nas tão distantes ruas de Olinda,
com seus paralelepípedos lustrados
por passos tão desencaminhados
quanto os meus...
Eu só queria me perder
no meio daquelas sombras
e ruas estreitas...
Queria beber até o último gole de cerveja
que me coubesse no estômago
e talvez
só talvez
cair nos braços
de alguma interessada
em me fazer companhia
Engraçado.
O bar segue vazio
já há tanto tempo,
mas eu deixo sempre uma cadeira separada
e um copo
ao lado do meu.
Talvez eu espere
por alguém,
inevitável,
como a chuva que me aguarda,
no caminho de volta.
Talvez seja por puro azar
que a cadeira permaneça vazia
Enfim,
azar no jogo,
azar no amor.
o que me resta
é poesia.