A essência do amor

Os olhos do tempo são olhos-d’água

Que a fonte dos anos

Destila em horas.

São gotas de sonhos

A emanar a vida,

E a vida dos sonhos

Um sonhar eminente.

A dança dos dias,

Tal diário das virgens

Camponesas de cílios sedosos,

Folheados pelos perpassar da brisa,

Quase carícia dos dedos

Primaveris de uma camélia.

Nesse jorrar de passos

No passar dos anos

A fonte vai secando,

Fantasiada de branco;

Mas o acúmulo das gotas

Não se esvai com a luz

Dos olhos-d’água: evapora-se

Para buscar a essência do amor.

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* Poema da década de 1980.

Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 16/10/2007
Reeditado em 16/10/2007
Código do texto: T696083
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