A essência do amor
Os olhos do tempo são olhos-d’água
Que a fonte dos anos
Destila em horas.
São gotas de sonhos
A emanar a vida,
E a vida dos sonhos
Um sonhar eminente.
A dança dos dias,
Tal diário das virgens
Camponesas de cílios sedosos,
Folheados pelos perpassar da brisa,
Quase carícia dos dedos
Primaveris de uma camélia.
Nesse jorrar de passos
No passar dos anos
A fonte vai secando,
Fantasiada de branco;
Mas o acúmulo das gotas
Não se esvai com a luz
Dos olhos-d’água: evapora-se
Para buscar a essência do amor.
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* Poema da década de 1980.