A obra da revelação

LXVIII

Flores negras de verão

como exércitos de sombras

soprando a noite para dentro

em sintonia como oração.

Vultos toques de genealidade

como ácido a cair na pele

fazendo a cabeça girar

mesmo sem gravidade.

Amarram o pensamento

sobem o batimento cardiaco

harmoniosos ágeis demónios

poliferando as veias como chamamento.

Pega fogo num revés

á velocidade do som

neurónios ardendo em inspiração

chama vinda por debaixo dos pés.

Ritual para canonizar a mente

há beira do exorcismo

partir as agarras da realidade

separar o veneno do agente.

Surge então a obra da revelação

como se viesse do pó

universso infinito revelado

dura liberdade de expressão.

Febre negra que se espalha

da concepção da ídeia incandescente

para as mãos repletas de tinta.

É poeta, ou coisa que o valha.

miguel lopes

miguel lopes
Enviado por miguel lopes em 10/11/2005
Reeditado em 29/12/2006
Código do texto: T69589