A obra da revelação
LXVIII
Flores negras de verão
como exércitos de sombras
soprando a noite para dentro
em sintonia como oração.
Vultos toques de genealidade
como ácido a cair na pele
fazendo a cabeça girar
mesmo sem gravidade.
Amarram o pensamento
sobem o batimento cardiaco
harmoniosos ágeis demónios
poliferando as veias como chamamento.
Pega fogo num revés
á velocidade do som
neurónios ardendo em inspiração
chama vinda por debaixo dos pés.
Ritual para canonizar a mente
há beira do exorcismo
partir as agarras da realidade
separar o veneno do agente.
Surge então a obra da revelação
como se viesse do pó
universso infinito revelado
dura liberdade de expressão.
Febre negra que se espalha
da concepção da ídeia incandescente
para as mãos repletas de tinta.
É poeta, ou coisa que o valha.
miguel lopes