FLORES
FLORES
A banca de flores no mercado fechou
Não espalha mais cores e aromas
Um plástico preto serve-lhe de mortalha
Seu dono cabisbaixo num canto
Com seus espremidos olhos de nascença
Agora ainda mais espremidos e oprimidos
Regam lágrimas sem cor
Sem ele sem banca
O mercado perdeu beleza
Ganhou morte sem flores
Sem enfeite
Apenas tristeza imorredoura
Sem o deleite
De cores e aromas das flores
Ao escrever essas linhas veio-me à cabeça o poema, de meu conterrâneo poeta, Vicente de Carvalho, que dizia:
Até nas flores existe
A diferença da sorte
Umas enfeitam a vida
Outras enfeitam a morte
Neste momento as flores deixaram de enfeitar vidas e mortes.