FLORES

FLORES

A banca de flores no mercado fechou

Não espalha mais cores e aromas

Um plástico preto serve-lhe de mortalha

Seu dono cabisbaixo num canto

Com seus espremidos olhos de nascença

Agora ainda mais espremidos e oprimidos

Regam lágrimas sem cor

Sem ele sem banca

O mercado perdeu beleza

Ganhou morte sem flores

Sem enfeite

Apenas tristeza imorredoura

Sem o deleite

De cores e aromas das flores

Ao escrever essas linhas veio-me à cabeça o poema, de meu conterrâneo poeta, Vicente de Carvalho, que dizia:

Até nas flores existe

A diferença da sorte

Umas enfeitam a vida

Outras enfeitam a morte

Neste momento as flores deixaram de enfeitar vidas e mortes.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 26/05/2020
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