CERRADO

CERRADO

Cerro os olhos

Bato asas

Pouso em flores

Vejo cores

Caleidoscópio

Fui por aí

Com lenço

Para enxugar

Suores e lágrimas

Com documento

Para provar que vivo

Estou aqui por enquanto

No meu canto

No meu ninho

De não pássaro

Mas voo

Pelo céu pelo sol

Pelos olhares

Pelas falas

Pelas desculpas

Pelas culpas

Que deixo ao chão

No voo solo

Solidão solitude

Pouca virtude

Muita saudade

De não sei o que

Apenas saudade

De tempo não vivido

Na flor da pele

Na janela do tempo

No desejo da vontade de não ser

Alado no juízo final

Afinal nada levo

Apenas a vontade de estar

No meu lugar

Cansado de tantas lutas

Em portos mil

Dos quais sempre parti

Para destinos traçados

Por outros poucos

Em mares e marés

Afogando-me em pé

Em areias quentes

Em terras vermelhas

Sem raízes

Missionário sem monastério

Ventanias trazendo pós

De dentro do peito

Em tempestades cinzas

De tantas idas e vindas

E agora pouso

Para morrer

Entre quatro paredes

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 24/05/2020
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