CERRADO
CERRADO
Cerro os olhos
Bato asas
Pouso em flores
Vejo cores
Caleidoscópio
Fui por aí
Com lenço
Para enxugar
Suores e lágrimas
Com documento
Para provar que vivo
Estou aqui por enquanto
No meu canto
No meu ninho
De não pássaro
Mas voo
Pelo céu pelo sol
Pelos olhares
Pelas falas
Pelas desculpas
Pelas culpas
Que deixo ao chão
No voo solo
Solidão solitude
Pouca virtude
Muita saudade
De não sei o que
Apenas saudade
De tempo não vivido
Na flor da pele
Na janela do tempo
No desejo da vontade de não ser
Alado no juízo final
Afinal nada levo
Apenas a vontade de estar
No meu lugar
Cansado de tantas lutas
Em portos mil
Dos quais sempre parti
Para destinos traçados
Por outros poucos
Em mares e marés
Afogando-me em pé
Em areias quentes
Em terras vermelhas
Sem raízes
Missionário sem monastério
Ventanias trazendo pós
De dentro do peito
Em tempestades cinzas
De tantas idas e vindas
E agora pouso
Para morrer
Entre quatro paredes