A velha e o viajante
Passava por uma cidade
um pobre viajante
que vendia redes
de modo itinerante
De repente uma velha
ele viu numa calçada
com um pente de ouro
a pentear a cabeleira
pelo tempo esbranquiçada
"Da-me esse pente minha vó"
gritou o viajante
a velha levantou os olhos
e com manso semblante
"Dou ele por uma rede"
"dessas que vende de itinerante"
"Assim nao posso minha vó"
disse o vendedor
"muito caro é meu produto"
"para comprar um pente só"
"Ora não ve que é de ouro"
"Dos tempos imperiais"
disse a velha
"não me venha com tratos imorais"
"Muito bem minha vó"
"Mas minhas redes são de linho"
"Dos produtos o melhor"
"Não valeriam nem dois pentes"
"Que dirá um pente só"
A velha coçou a cabeça
linho é bom produto
o ouro gasto do pente
não valia nem um puto
"Muito bem meu viajante"
"Tome o pente, mas com cuidado"
"É de familia esta prenda"
"Não lhe cause um arranhado"
O viajante em uma sacola
deu a rede a velha
em troca recebeu o pente
e tratou de ir embora
a velha entrando em casa
abriu logo a sacola
o vendedor já longe
testou o pente numa dentada
na sacola havia trapos
o pente foi jogado na estrada
fica a moral para ser lembrada
"Quem muito engana, pode ser enganado"
"pouco valor tem o roto
falando mal do esfarrapado"